terça-feira, 24 de novembro de 2009



SEGUNDA PARTE

Quitação





  • Dois anos antes deste singular casamento, residia à Rua de Santa Teresa uma senhora pobre e enferma.
    Era conhecida por D. Emília Camargo; tinha em sua companhia uma filha já moça, a que se reduzia toda a sua família.
    Passava por viúva, embora não faltassem malévolos para quem essa viuvez não era mais do que manto decente a vendar o abandono de algum amante.A história desta mulher é trágica e exemplarmente romântica: quando moça, apaixonara-se por um estudante, Pedro de Souza Camargo, filho ilegítimo de um rico fazendeiro, que por não ter sido oficialmente reconhecido pelo pai é recusado como pretendente de Emília.Ela, então, abandona a família e secretamente casa-se com Pedro, passando a ser considerada morta pelos parentes, que ignoravam a união.Lourenço Camargo, ao receber notícia de que o filho morava com uma rapariga, manda chamá-lo e o prende na fazenda. Pedro era fraco e não foi capaz de relatar ao pai que se casara. Vivem, então, os esposos, separados e marginalizados por doze anos, recebendo Emília eventualmente a visita de Pedro, a quem tudo perdoava pelo amor e com quem teve dois filhos: Emílio e Aurélia.Quando Lourenço Camargo tenta forçar o casamento de Pedro com uma rica herdeira, este se desespera e é acometido de uma febre cerebral, que o mata.

  • Emília escreve ao sogro, que sem a prova do casamento não acredita em suas palavras, mandando-lhe de forma rude e seca um conto de réis .O irmão de Aurélia, Emílio, frágil e pouco desenvolto para o trabalho, de espírito 'curto e tardio' e irresoluto como o pai, consegue a profissão de caixeiro de um corretor de fundos. No entanto, é Aurélia, viva e inteligente, quem trabalha por ele.Um resfriado o mata, acentuando o desamparo das duas mulheres. Emília , que pressente a própria morte, passa a pressionar a filha para que esta, sempre fechada dentro de casa, arrume um bom casamento.

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